O DESEJO DE SEU CORAÇÃO, À VISTA OU PELO CARTÃO
O guia parecia nervoso ao despejar suas três dezenas de sacoleiros nos arredores do Parque Municipal, esfregando com as costas das mãos a testa ampla e avermelhada, e brilhante , suarenta. Repetia de novo e de novo, a cada um dos clientes que descia do ônibus, as recomendações tantas vezes entoadas durante a viagem:
"...cuidado com bolsas, sacolas e carteiras (olha o degrau, minha senhora), laptops, celulares, câmeras, talões de cheques, cartões,crianças (até logo, meu senhor), não comam , não bebam nada que pareça suspeito (um minutinho, moça),não aceitem favores de estranhos - e, acima de tudo, não aceitem nada de graça (tiro sua foto num instante, dona)... E divirtam-se bastante; qualquer dúvida, me chamem ou fiquem à vontade para procurar os trolls da Polícia Militar (sim, são aqueles gigantes de cara feia, baixinho), lembrem-se que eles estão aqui para garantir sua segurança..."