O MONSTRO DA SEMANA : UM TARADO
O pervertido se esgueira pelas sombras em plena luz do dia, assombrando ruas, praças, terrenos baldios. Rosto abaixado, evitando o olhar de qualquer um, como que fingindo que não está lá; como se seu casaco imenso e imundo , seu fedor de bicho molhado não o denunciasse por todo lado.
Seu jeito suspeito, iegável: cara barbada enfiada dentro da golas erguidas do sobretudo escuro e manchado como couro de gado com berne. Resmungando sem parar pra si mesmo: "eu sou um homem de família, buceta, eu sou um homem de família, homem de família, homem de família, homem de família".
Anda a esmo, pára e desvia-se de obstáculos inexistentes nas calçadas vazias (todo mundo sai do caminho quando se aproxima): como se andasse às cegas.
Às vezes, caindo num beco sem saída, encurralando sem querer algum pobre pedestre desatencioso. Enervado, furioso, como se o infeliz acidental se intrometesse por querer em sua monotonia reflexiva - espumando: "Tá olhando o quê! Eu disse que sou homem de família e vou te provar fedaputa, ó só, ó, ó, ó"-
E abre a capa , largo, como se quisesse devorar o passante inteiro num abraço. Dependurados por minúsculas garras e às vezes por dentes nem tão minúsculos assim - enganchados nos membros e torso nús e esqueléticos do pervertido, uma dezena de nenês acizentados, e alados: querubins pelados e cegos com asas membranosas quê, assustados e furiosos com a intromissão da luz em seu ninho, voam de uma vez só em confusa nuvem e voraz sobre a vítima estupefata.
"Homem de família, homem de família, família, familia, família!"
O pervertido se esgueira pelas sombras em plena luz do dia, assombrando ruas, praças, terrenos baldios. Rosto abaixado, evitando o olhar de qualquer um, como que fingindo que não está lá; como se seu casaco imenso e imundo , seu fedor de bicho molhado não o denunciasse por todo lado.
Seu jeito suspeito, iegável: cara barbada enfiada dentro da golas erguidas do sobretudo escuro e manchado como couro de gado com berne. Resmungando sem parar pra si mesmo: "eu sou um homem de família, buceta, eu sou um homem de família, homem de família, homem de família, homem de família".
Anda a esmo, pára e desvia-se de obstáculos inexistentes nas calçadas vazias (todo mundo sai do caminho quando se aproxima): como se andasse às cegas.
Às vezes, caindo num beco sem saída, encurralando sem querer algum pobre pedestre desatencioso. Enervado, furioso, como se o infeliz acidental se intrometesse por querer em sua monotonia reflexiva - espumando: "Tá olhando o quê! Eu disse que sou homem de família e vou te provar fedaputa, ó só, ó, ó, ó"-
E abre a capa , largo, como se quisesse devorar o passante inteiro num abraço. Dependurados por minúsculas garras e às vezes por dentes nem tão minúsculos assim - enganchados nos membros e torso nús e esqueléticos do pervertido, uma dezena de nenês acizentados, e alados: querubins pelados e cegos com asas membranosas quê, assustados e furiosos com a intromissão da luz em seu ninho, voam de uma vez só em confusa nuvem e voraz sobre a vítima estupefata.
"Homem de família, homem de família, família, familia, família!"
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