domingo, 26 de junho de 2011

[tratamento-curta de animação] tevê você

[escrito para Gulliver Vianei;amostras da produção, disponíveis na página linkada.
texto originalmente redigido no formato Celtix.
Numeração e legendas, no corpo do tratamento/roteiro, indicam transição de cena.]

[RESUMO DO PROJETO]

TÍTULO
"TEVÊ VOCÊ"

GÊNERO
Animação 3d - comédia.

PÚBLICO ALVO
Adolescente,adulto.

TEMA
Massificação cultural e alienação

IDÉIA
Como você se sentiria se o seu dia-a-dia se tornasse o palco de um programa de auditório?

OBJETIVO
Ironizar a passividade da audiência ante o conteúdo usual da programação televisiva.

STORYLINE
Seu Epaminondas tem sua monótona rotina diária confundida pelo que parece ser a trilha de risos de sitcom do inferno.

SINOPSE
A animação acompanha um momento de placidez do aposentado Seu Epaminondas, que é destruído pela intervenção insólita de um coro de risadas e aplausos típico de programas de auditório ou de sitcoms, vindos de lugar nenhum.

PERSONAGEM PRINCIPAL
Seu Epaminondas: senhor de meia idade, aposentado, caseiro, antiquado, de pijama e chinelos

CENÁRIO
Sala de televisão da casa de seu epaminonadas e dona clarinda. Típica casinha classe média-média, ou média-baixa, bairro residencial/tradicional, grande centro urbano.
o ponto de vista da câmera é o de um televisor hipotético num canto da sala [perspectiva distorcida/afunilada?-estilo olho mágico, se possível].
cadeira de balanço; sofá com pequena manta de crochê; mesinha com apetrechos para tricô e crochê; uma janela ou duas ao fundo.



[ROTEIRO]

1.int.sala de televisão-dia

SEU EPAMINONDAS ,sentado em sua cadeira de balanço, balançando-se com vigor. Lê o jornal que esconde seu rosto.

SONS mínimos, de fundo: o rangido da cadeira de balanço, cantiga de passarinho lá fora.

Vemos o rosto de Seu Epaminondas quando, ainda se balançando, muda a página do jornal, e , fingindo casualidade, olha ao redor, confere que está sozinho, vira de lado e solta um peido fininho feito balão de ar se esvaziando.

Sorri satisfeito, ajeita-se pra continuar a leitura - detêm-se antes mesmo de recompor a antiga pose ao ouvir VÁRIAS VOZES[sempre em off] gargalhando por alguns segundos.

Pára, olha em volta novamente, desconfiado:nada.

Dá de ombros, volta a balançar, ergue o jornal - voltam as risadas, mais discretas, agora. Pára novamente, baixa o jornal, dá nova geral na sala, de novo, sem sucesso.

Balança agora muito mais lento, menos ergue o jornal do que se encurva até ele, desconfiado, olhos movendo-se de um para o outro. Finge que vai se afundar na leitura, ergue a cabeça imediamente para flagrar os brincalhões invisíveis, volta a se embrenhar no jornal sem baixar a guarda.

Quando o rosto finalmente some atrás do jornal aberto, as risadas retomam com força: Seu Epaminondas salta da cadeira, largando jornal no chão. Alguns aplausos e outro salvo de risadas acompanham seu gesto brusco: as risadas vê e vão, apartir de agora, com cada novo gesto de Seu Epaminondas.

2.int.sala de televisão -dia

Série de cortes bruscos; a cada nova cena, Seu Epaminondas está em um ponto diferente da sala - e sempre acompanhado pelo coro gargalhante que se delicia com sua confusão:

Olhando pra fora da janela ou janelas, coçando a cabeça

Olhando pra dentro da sala, de fora, através da janela ou janelas, coçando a cabeça.

Caminhando "sorrateiro", pé ante pé, jornal enrolado e erguido numa das mãos como falso porrete.

A cabeça aparecendo e desaparecendo detrás do sofá, olhando em volta, sumindo, reaparecendo, repetindo.

No meio da sala, girando meio alucinado sobre os próprios calcanhares,sem saber se vai pra direita ou pra esquerda, sem sair do lugar.

3.int.sala de televisão - dia

Seu Epaminondas, balançando-se com força na cadeira, sentado em posição fetal, abraçando as pernas, cabelo desgrenhado, olhos presos no vazio.

As risadas persistem , mas sem muita força: recrudescem, acrescidas de aplausos, quando entra em cena DONA CLARINDA, varrendo com vigor o chão da sala, cantarolando alguma musiquinha genérica.

Ela pára no meio da sala, mão na cintura, espera os aplausos terminarem, ignorando o maridão. Olha em redor com expressão intrigada, risinhos mal contidos de expectativa, os do coro invisível.

Dona Clarinda pára o exame olhando diretamente pra gente, pra câmera. Balança a cabeça com um "tsc , tsc", aproxima-se da câmera, cobrindo todo o nosso campo de visão com os motivos de seu vestido - ouve-se o "clic" de um botão sendo apertado, a imagem some como se fosse a de um televisor estivesse sendo desligado, e um coro solta um "aaaah"coletivo de decepção.

CRÉDITOS FINAIS

...enquanto rolam, são acompanhados por aplausos e assobios de entusiamo.


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