quarta-feira, 11 de agosto de 2010

[mini-troço] frutos secos

FRUTOS SECOS
um alerta mudo a todos os criminosos: no topo de uma colina pedregosa, no fundo de um deserto habitado apenas por cabras e animais peçonhentos.
a árvore dos enforcados dormita, acordada rudemente a cada mês: como um centro de peregrinação, recebendo os cortejos irregulares de executores e executandos , mais oferendas a serem dependuradas em seus galhos secos.
seus muitos frutos, duros, mesmo que vazios - ocos por fora. a música breve do vento raro, o tilintar dos ossos dependurados.
a outra comitiva de fiéis, alternando-se à primeira; a árvore seca e seus fruntos, convergência de dois credos: os abutres e os chacais que passam e vão embora,levam pedaços maduros, caídos dos galhos retorcidos, plantam essas sementes em outras colinas, outros desertos, onde nascerão mais árvores mortas.

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