A BOLSA OU A VIDA
A velha senhora, mulher de classe, cheirando a perfume caro e a incenso e a especiarias, puxou com força surpreendente a bolsa de couro das mãos do assaltante; o meliante meio louco de raiva e de pressa, e mais que meio doidão, puxou uma arma e atirou na dona.
Ela abraçava a bolsa contra o peito; abriu os braços, estupefata:entre seus seios, um buraco negro, fumegante...de onde começou a vazar lenta, depois vigorosamente, um rio de areia.
Caiu; e a bolsa caiu a seu lado, furada de lado a lado, e sangrando pelos dois orifícios - e abriu-se no impacto: lá de dentro, jorrou um monte de minúsculas quinquilharias, e um coração humano, qual enorme rubi, rolando pelo pavimento, murchando, tossindo como motor velho, esguichando sangue, morrendo,afinal.